modos de habitar o mundo com fissuras
Há gestos que não gritam. Apenas pousam.
Essas imagens nascem do encontro entre o corpo e o vidro — entre a pele e a superfície fria de um scanner, onde o tempo parece parar para ouvir uma respiração contida.
O arroz, matéria ancestral de sustento e ritual, cobre o rosto, os pés, as mãos. Não como ocultamento, mas como abrigo. Como quem reencontra o silêncio depois de ter atravessado o ruído do mundo.
Ao escanear meu próprio corpo em repouso, me coloco em suspensão — entre presença e ausência, peso e leveza, pele e pixel. Não é um retrato, é um vestígio.
As imagens sugerem um renascimento: há olhos fechados, dedos que tocam o vazio, pés que ainda não caminharam. Como se, mesmo em dor, alguém escolhesse nascer de novo.
daquilo que ainda pulsa, mesmo quando o corpo está quieto.
Uma oração silenciosa que se faz com os grãos, a luz, e a carne vulnerável.